quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Obrigado Pai

Parece que foi ontem
Que eu te magoei e desdisse
E também foi agora
Que te agradeci e felicitei
Tudo é tão rapidamente lento
Que a gente até se perde em pensamentos
Sempre acha que não mereceu
Sente que é a vítima do destino
Mas que falta de tino
Que falta de rumo
Viver de equilíbrio em cima do muro
Deixar de experimentar o fascínio das perdas
Do aprendizado das penas
E agradecer cada cena que nos chega
E festejar todas as conquistas
Cantar cada degrau vencido e alçado
Celebrar a vida a cada dia que lhe aconteça
Obrigado Pai pelo ano inesquecível
De tantos atos e fatos,
De vários choros e sorrisos
De toda vela acesa
De toda frase fresca
De toda e qualquer palavra que eu tenha dito
E das muitas que deixei de falar
Peço-te a gratuidade da cobrança
E humilde agradeço por me sentir mais forte
Por me sentir feliz...

Edman Izipetto, um ótimo 2008 a todos...
26/12/07

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Natal

Natal,
Não tem igual,
Ceia, espumante
E dia seguinte vem o mal;
Aquelas musiquinhas,
Trim Titrim titrititrim
Ho Ho Ho
Filas, engarrafamento,
Pacotes e pisca-pisca,
Parentes, malas e sacolas,
Rabanadas e sal de frutas,
Sogras juntas:
Muitas folhas de boldo,
Frutas secas, passas,
E aquele pavê
Comeu é correr
Sentar no trono
Feito Noel
Hu Hu Hu

Edman, 25/12/2007

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Túnel

Há uma ilusão de espiral
Um redemoinho nas cores
Um tufão de geometria
Vermelho forte na linha
Azul frio de rinha
Gotas de cálices doces
Tulipas de cristal e colarinho
Imagens de tv no caminho
Túnel do tempo
Roda sempre
Tic tac tic tac
Sem deixar o lugar
Faz o lugar passar
Girando na aquarela
Outras cores da amarela
Primárias flores, todas as dores
Pingos de vida no ar
Traços de pedras na tela
Paralelas de vagar
Trapézios, isósceles
Até Pitágoras para explicar
Fecho, reflexo, convexo,
No espelho da alma a corar


Edman Izipetto
18/12/07

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Entrega

O sorriso é um portal
A troca de olhares, farol,
Faíscas de incêndio no paiol,
El Niño pelos mares sem anzol,
Geleira de vulcão em convulsão,
Abrigo de uma chuva de verão,
Tempestade de raios sem trovão,
Doce, sem melado, com paixão,
Mel de salgado doce,
Céu, se nublado fosse
Todo azul tingiria de bronze,
Esta cor chocolate em transe,
Teu sabor de mulher bacante,
Teu gozo louco e frisante,
Teu grito rouco e calante,
Teu cheiro místico inebriante;
Do portal do teu sorriso cativante,
Do teu gemido raso instigante,
Quero o ditongo mais gutural
Para que tudo seja natural
Desde que um cio animal

Edman Izipetto
17/12/07

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Ci

O que meus olhos não vêem
É o que minha rima sente,
Do teu olhar de oriente,
Ao teu sorriso crescente,
Qual lua no céu do teu rosto,
Igual véu no teu colo quente;
Personagem de cacau com poente
Saiu do livro, da terra, do mosto,
Fermentada do mais fino gosto
Com a cor do desejo ardente,
Sem burca, sem tendas,
Mas talha oferendas
Com mãos que brincam a natureza
Dos frutos, das frutas, das folhas,
De toda vida latente
E pegas do sal da terra,
A toda gema que encena,
A alegria da vida da gente...

Edman Izipetto
10/12/07

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Champagne

Sensuais lágrimas de paixão
Entendeste errado minha sugestão
Aprecio acompanhamentos
Como um violão não dispensa os batuques
Como um piano um sax ou acordeon
Chantilly, creme ou leite
Adoçam o doce da carne vermelha
Que o morango vestido de purpurina
Provoca, instiga e excita
Mas pela sua própria silueta
Contornos femininos, segredos femininos,
Morango de nome masculino
Para revelar mais ainda seu exotismo
Um champagne
Do seu acre sabor
Da sua dourada cor
Completam todo o erotismo.

Edman Izipetto
07/12/07

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Rara

O que é um adorno?
Dos seus olhos o contorno
Deste profundo olhar:
Será que é hematita lunar
Será que é ônix solar;
O que é sedutor?
O rubi dos seus lábios,
Nos cantos da boca a brilhar;
Ou a fragrância de âmbar
Ao seu redor a enfeitiçar;
E na pele de alexandrita
Muda cor se é de Lua
Muda o tom se é de dia
Rodopia a água marinha
Teu signo de companhia
Transmuta a alma violeta
Em ametista convexa
E na energia diamante
Lâmina profundo cortante
Talha ouro, pedra ou cordame
Torna a vida mais brilhante

Edman Izipetto
05/12/07

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Dezembro

Entra como a Lua que mingua
É o ano que finda
Tudo fica para depois de brindar
Corre-corre de compras
Todos têm suas rondas
É um eterno festejar
Água que chove entupindo
Papéis que embrulham o cupido
Piscas de contrabando
Chuvas de luzes encobrindo
Paredes sem tintas ou fundos
Parece até que vai nevar
Mas é quente por aqui
Derrete corações enfadonhos
Distribuem nos faróis e nos ônibus
Seus trocados por um pouco de paz
Música repetitiva tocando
Música repetitiva tocando
Música repetitiva tocando
Sinos de xilofone
Lareiras de celofane
E Noel que não atende telefone...

Edman, ótimo mês de celebração para todos
03/12/07

Impedido

O apito está mudo,
O grito está surdo,
O mundo está atrás do muro
Na arena romana,
Por baixo da grama
Rola muita grana,
E os gladiadores ficaram de fora,
Estão na platéia,
Como filhos de Medeia,
A espera de uma estréia,
De um naco desta geléia,
Ou do início da 3ª guerra.
Arames cercam o jogo,
Defendem, atacam,
Ou embolam o meio de campo;
De tantas vidas pisadas,
Restos de vícios amassados,
Não há energia acumulada,
Apenas a raiva reciclada
De nossos antepassados,
O planeta murcha...
Ovos de sementes podres
Chocam olhos nobres,
Mas não deixam os cartolas pobres,
Apenas os sonhos das traves em cruz,
De gente modesta em busca de luz,
Que ganham no jogo e brindam com pus,
O gol impedido nos minutos blues.

Edman Izipetto
03/12/07