segunda-feira, 30 de junho de 2008

Resplandece

Voa quetzal
Resplandecente ao teu ninho
Nicho de relíquias
Resquícios
Da eterna primavera
A colher e procurar
A Monja Blanca
Testemunha encapuzada
Nas florestas do Tikal
Do sumiço dos Maias
Antes que ibéricos impunes
Cobrassem pela civilização


Edman Izipetto, ótima viagem à terra dos vulcões dormidouros...
30/06/08

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Brinde

Entre nós duas taças
Refletindo nosso lume,
Repercutindo sibilante
O que sentimos sem falar;
Entre nós as duas taças
Ampliam nossa visão.
E as mãos que se acariciam
Juntas são um mesmo pêndulo
A correr com o tempo
Atiçando nossa paixão;
Entre nós as duas taças
Vão se completando,
Trocando a transparência
Pelo tinto da existência,
Pelo bouquet de um beijo
Cabernet franc semillion;
Entre as taças
Nossas bocas
Marcam o cristal
Degustam o vinho
E o licor do nosso tesão;
As taças se tocam
Nossos lábios se roçam
Nossos cheiros se trocam
Misturam-se líquidos
Entre tantos desencontros
Brinde a este encontro
De boa safra, de boa cepa.

Edman Izipetto, uma vida inteira para namorar que isto é bom demais...
12/06/08

Nós

No princípio um olhar
De onde veio primeiro
Um segredo do destino
Que não cabe disputar;
Quantos brilhos
Na transparência lapidada
Em formas e cores,
Numa jóia sem retoques
De palavras ditas,
Escritas em frases curtas;
Confissões postas à mesa:
De experiências,
Desilusões,
Alegrias sentidas,
Mesmo na solidão
Da distância entre mundos
Tão parecidos e tão diferentes;
O som do violão
Tocou mais que Bossa Nova,
Queimou as tamancas,
Mesmo que aprendiz,
Viajou pelo samba,
Gafieira e quadrilha,
Sob Lua cheia
Até um tango ensaiou.
Viu o mundo de estrelas
Neste ato de cena,
Sem cortina, sem figurino,
Nós dois no palco
Como um só,
Monólogo de carícias
Nos prazeres, dos prazeres,
A fundir nossas vidas
A talhar novos enigmas
Na trama dos fios
No tear deste amor

Edman Izipetto, ótimo dia dos namorados
12/06/08

sábado, 7 de junho de 2008

Six

O que é meia volta do relógio
É a metade de um tempo
Meia dúzia de razões
Para se ter toda emoção
Quando só se percebe o que passou
Parando e contando
Refletindo
Porque passou sem perceber
Tal intensidade de viver;
Seis Luas crescentes
Como um anzol no céu
A fisgar os frutos do amar;
Seis Luas cheias
Desvendando as sombras de araucárias
E o fogão à lenha a crepitar;
Seis Luas minguantes
Como um sorriso a se deitar
No horizonte de lençóis
Seis Luas novas
Na escuridão de se recomeçar
Como se fosse a primeira vez
E mais seis, e mais seis,
Seis, six, sax, sex…

Edman Izipetto
07/06/08

quarta-feira, 4 de junho de 2008

A vida também não me ensinou...

A ser espontâneo, mas a ser sincero;
A ser extrovertido, mas a ter o que dizer;
A ser orador, mas a escutar;
A ter pressa, mas a curtir o devagar;
A não insistir quando sei o final
Mas a não desistir quando vale a pena;
A usar a sensibilidade para fazer a diferença,
Alegrar e encantar com poesia
Mesmo que sem a companhia
Do meu corpo em formação;
Viver a vida me ensinou,
A sorrir para a saudação das árvores
Quando a brisa as faz acenar
E lembrar de aceitar as pessoas
Como elas são:
Cada uma balança de um jeito ao sabor do vento...
A vida também não me ensinou
A lidar com os humores
Nem os meus nem de outrem
Apenas a manter o mesmo olhar
Na euforia e na tristeza
Na saúde e na frieza
Até que a morte me faça voar
Enquanto isso
Deixar a vida continuar me ensinando
Que eu não sei muita coisa
Além de todo sentimento

Edman Izipetto
04/06/08