Quando eu não via nada
Minha alma
Era cheia de mágoa
Salpicada de pólvora
Sem nenhuma combustão
Era Lua cheia
Quando eu não sentia nada
Minhas mãos
Eram duras e pesadas
Sem linhas ou calos
Sem nenhuma profissão
Era Lua cheia
Quando eu farejava o nada
Sem essência ou perfume
Nem um rastro exalava
Era um cheiro de nada
No vácuo da percepção
Era Lua cheia
Quando minha boca azia em brasa
E os sabores da minha casa
Nem tempero ou solução
De Modena ou apimentada
Balsâmica ou batizada
Davam gosto ou digestão
Hoje a Lua é cheia,
Minguante, Nova ou Crescente
Todas no seu presente
Têm sua contribuição
Toda a vida é cheia
De sabores e tatos
De linhas e fatos
De olhares e falas
De odores e falhas
De acertos e motivos
De manias e cultivos
De amores fugitivos
De amores produtivos
Toda a vida é cheia
Toda a vida é
Toda vida é uma lua cheia
Que cresceu e vai minguar
Até a nova lua vingar
Edman 27/09/07
Ótima luas para todos...