quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Névoa

Umidade fina e delicada
Como açucar de confeiteiro
Você não segura nos dedos
Mas ela os envolve e marca;
Como seda tecida em tricô
Ainda é um carinho na pele
Mas deixa hematomas
No conjunto de seus nós;
Torna a miopia democrática
Todos são clarividentes
Apenas vultos são vistos
Tão pertos como sustos;
Todas as mulheres são noivas
Todos os homens pais de santo
Todos os sons longínquos
Todos os gritos surdos;
Toda tecnologia é pouca
Toda correria é louca
Nesta neve barroca;
Nem o fogo arde a contento
É mais aura ao vento
Lamparina estrábica
Lua cheia eclipsada
Relógio estático no tempo
Numa tarde toda de neblina apocalíptica.

Edman
16/09/2011

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Amor em Sampa


O amor está no ar
Mesmo na inversão térmica
O amor está parado
Na esquina da Ipiranga com a São João
O amor está molhado
...Marginal nos túneis congestionados
O amor é barulhento
Na Rebouças com Faria Lima
O amor é boemio
Na Santa Vila Madalena
O amor é fashion
Na semana da Paulista
O amor é in
Na baixa Augusta do centro
O amor é panorâmico
No Terraço do Itália
O amor é massa
Nos cantos do Bixiga
O amor é independente
No Parque da Independência
O amor é arte
No vão livre do MASP
O amor é com sotaque
Pelos lados da Moóca
O amor tem sabores
Nas baias do Mercadão
O amor tem cores
Nas flores do Ceagesp
Como não há amor em Sampa?

Edman