sexta-feira, 18 de abril de 2008

Abraço

As garras desarmam-se
Recolhem-se da ponta dos dedos
Sobram calos e unhas polidas
Os braços alongam-se
Preparam o vôo sem penas
O planar sem tendas
Ou lonas de desafiar
Envolvem
Um ao outro
Protegem
Afagam
Confortam
Convidam para a vida
Apontam para o futuro
Afastam as amarras
Desamarram-se do passado
Vencem a batalha
Conquistam
Um abraço

Edman Izipetto, ótimo feriado “enforcado” para vocês...
18/04/08

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Números

Não bastam as combinações
De uma raiz quadrada
Elevada ao cubo
Se a conta de uma piscada
Nove foras
É a desilusão de um andar taciturno
Que soma é essa
Que diminui minha divisão
E multiplica a escuridão
Dos números primos
Rachados sem medo
E os inteiros positivos
Negativados pelo desprezo
Fraciona-se o indivisível
Comenta-se o teorema
Sem dizer um único pi
Calcula-se
Lápis de alcatrão
Logaritmos na madeira
Números da paixão

Edman Izipetto, sem a exatidão dos números infinitos...
09/04/08

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Abril

Abre a moda do ano
Não há água que chegue
Nem umidade que falte
Não se sabe se é frio
Quando esquenta
Ou se o calor aparenta
A indiferença da noite
Um vento gelado espanta
O resto de verão empacado
Em forma de nuvens vermelhas
Tingidas de níquel e rádio
Diversos metais pesados
Que ficam a espreitar, encostados,
No horizonte boreal
Fuligem nas gotas de orvalho
Deixam marcas nos vidros
Pegadas de sereno
Riscos das orgias sem recatos
Sulcos dos meses de alegria
A preparar sem fantasia
O terreno da invernada

Edman Izipetto, ótimo mês para todos
02/04/08