quinta-feira, 26 de julho de 2007

Amor verdadeiro

Este sentimento
Em vão explicado
Pára o momento
De tão complicado
Na sua simplicidade.
Não é mar represado
Não é folga do tempo
Não é fogo atiçado
Nem é birra do vento
É apenas suavidade.

Amor verdadeiro
É grande demais para uma vida,
Já que ela é curta para os mortais;
Amor, verdadeiramente,
Cruza todas as barreiras,
Persiste toda a existência,
Não conhece a vida
Com os olhos da terra,
Atravessa a morte
Com o olhar da sorte,
E faz relembrar das cavernas,
E faz relembrar das casernas,
E traz na memória as cabanas,
Estende as tendas da lembrança,
Castelos e masmorras de vingança,
Piratas e corsários da esperança
A roubar a rotina dos boçais.
Amor verdadeiro não seduz,
Conquista.

Edman 26/07/07

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Olhos ciganos

O teu olhar é um mistério
Bom de desvendar,
Bom de mergulhar,
Bom de navegar
Nos mares do teu signo,
Nas tamancas do teu ritmo,
Nas castanholas, nas ruas,
Na trilha da tua lua.
O teu olhar
Quais cores vou conhecer,
Histórias de ver pra crer,
Histórias de crer pra ver,
Contos de profetizar,
Mistérios do teu olhar.

Edman
20/07/07

Sobre Voar

O mesmo vento que trouxe a chuva,
Foi o mesmo que as nuvens levou,
Idêntico ao que traz o falcão peregrino
Passar na terra dos carcarás,
Este vento que varreu da cidade,
As cinzas do grande incêndio
Flutua com as almas
Na casa da paz,
É a brisa que acalma,
É o tufão que empurra,
Leve toque de carinho
Grande puxão de caminho
Ensina a mudar o rumo
Obriga a tomar o prumo,
Esse ar em movimento
É o que limpa horizontes
E lhe empoeira os olhos,
É o que te recolhe em casa
É o que te faz voar.

Edman 20/07/07

terça-feira, 17 de julho de 2007

É

É preciso
Viver é preciso
Mesmos que os instrumentos
Não te indiquem precisão
Às vezes
Mergulhar na escuridão
Melhora o horizonte
Aguça a visão
É imperativo
Seguir a jornada
Que o teu intuitivo
E apenas ele
Considera caminhada
Mas mesmo só
Ou não acompanhada
A solidão não persiste
Porque um poeta
Mesmo que distante
Continua a lembrá-la
Que o amor existe
E se esse lirismo
De uma certa maneira
Consegue lhe devolver
Aquela alegria faceira
Então o poeta
Também vai sorrir
Então a poesia
Também vai brilhar
Como o teu sorriso
Que é para encantar.

17/07/07 Edman

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Chuva

O som inconfundível
Da água a lavar
Minha pele
Só a chuva pode tocar;
Dilui todas as rugas
Retira todos os excessos
Dissolve os abscessos
Prepara a superfície
Para todo o sol tomar.

Edman 16/07/07

Hora ação

É só querer
Não a vontade de ter
Diferente do desejo
De se expressar
Ao contrário da
Necessidade de se explicar.
“Se eu quiser falar com Deus...”
Não preciso me fechar,
Cerrar meus olhos,
Silenciar meus pensamentos
Abaixar meus ouvidos
Deixar de salivar
Esquecer de tocar
Eu preciso me voltar
Dentro de mim
Sem me isolar
Sem mistérios e rituais
Mas com a magia de amar
A sinceridade de enxergar
O que o coração tem pra sentir
Poucas palavras
Muito sentimento
Instantes divinos são eternos
Como a tarde que estende o véu
Laranja da esperança
Como o luar amarelado
Que massageia o cansaço do dia
Como a chuva que acaricia
Todas as vidas.

Edman 16/07/07

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Sexta-feira 13


Eu não tropecei no pé esquerdo,
Minha gata não é preta
Mas me atravessou o caminho,
Nenhuma escada me esperou
Para ser vista de baixo
Nem as cores escuras
Me convidaram a vestir
Nem um cristal de orvalho
Caiu na minha lembrança
Nem uma gota de leite
Derramou minha esperança
Nem a borra de café
Formou-se na caneca
Mas meu sapo apareceu
Mergulhado na bacia
Da água da cadela
Que mascou mais uma vez
Folhas de guiné
Será que lhe dá um barato?
Ou me é caro tantos sinais,
Ou não enxergo estes vitrais,
Pela poeira de outros ventos
Que não varrem mais.

edman 13/07/07

Hoje é dia de voar

Levante desta empacada modorria,
O que importa se a palavra não se grifa,
A magia também é desconhecida
O que não quer dizer que não exista,
É noite para tirar a vassoura
De trás da porta
E mergulhar no infinito
Da imaginação
Dos caldeirões de nossas rotinas
Buscar o elixir das visões
Dos chapelões que nos encobrem a retina
Espalhar alegria, paz e canções.

Edman
Sexta-feira, 13/07/2007, lua nova

terça-feira, 10 de julho de 2007

Sob a lua cheia

Redonda
Em volta da fogueira,
As cordas são afiadas
As adagas são recolhidas,
As idéias são esquecidas,
As vidas,
Os violões,
Pelos dedos certeiros
Tocam o desespero
De sofrer sem sentir dor,
Palmas, palmas, palmas,
É o ritmo que sapateia,
É a dança que serpenteia,
Pelos destinos das mãos,
Lenços nas cabeças,
Ouro nas orelhas,
E o olhar de sentir dor,
Nas linhas das mãos
Que apontam suaves
Para todos os lados
Para todos os reis,
Cartas são lidas,
Amores são vidas
Destinos são luz,
Da fogueira que arde,
O vermelho de Marte
Vem vestir seus roupões,
E como o luar
Que atravessa a escuridão
Os ciganos também vão
Procurar outra estação.

Edman  10/07/2007

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Viagem

Esqueci de cantar
As músicas que eu gosto,
Não lembrava mais
De dançar ao relento,
Não cuidava a contento
Dos meus jardins;
Mergulhei no esquecimento
Das pedras que fiz
Do escolhido caminho;
Eu corri das amarras,
Derreti aquelas barras
E fui dentro de mim;
Viajei até meu infinito,
Conheci meus limites,
Aprendi meus defeitos,
Entendi meus erros,
Não me perdi:
Perdoei, amei,
Hoje eu canto sem medo,
Hoje eu danço no fogo,
E ninguém mais
Vai me separar do que plantei.

Edman 05/07/07

terça-feira, 3 de julho de 2007

Temperos

O fogo transforma
Toda forma de amar
E libera, aos poucos,
Os vapores de além mar;
Fumega o azeite,
Virgem de calor,
Estrila o alho
Dourando de pudor,
Refogam os tomates
E as alcaparras do pescador,
Pimenta, caliente,
Provoca mais ardor
O perfume mudando,
Acredite em mim,
Cores transformando
Defume o alecrim;
O fogo, de brando,
Requebra a salsa,
Sapateia o tomilho,
Convida a sálvia,
Permite o estragão;
Mantendo o calor
Sem a chama arder,
Salpica o manjericão;
Sabores amargos,
Doces sensações,
É hora de rever o sal
É tempo de cheirar
Além dos vapores
E acrescentar
O açafrão.

Edman 03/07/07

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Abismo

No degrau do ar deste penhasco
Onde a música é o vento que assobia
A visão do mal são os buracos
Onde os ecos ecoam dos gritos da harpia;
Vou escalar estas paredes,
Vou revelar estas sombras,
Descobrir cada fresta,
Dormir em cada toca,
Desafiar em cada encosta
A arte de enfrentar
As quedas d'água,
As pedras soltas,
As rochas podres,
Até encontrar
Aquela fonte,
O ninho fértil,
A flor exótica,
E o lugar
Onde o sol não se esconde.
02/07/07 edman