terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Bem me quer

A pétala de cera
Revela o emblema
De anos de cena
Nos malabares
Nos lenços de seda
Nas coxias
Nas cadeiras vazias
Da economia
No quadro negro
Dos avisos por mês
No check list
De viagens astrais
Tempo sem espera
Esperança de terra
Vista do mar
Oceano de pedras
Polidas e esmeras
A tilintar no teu olhar
Estrelas da vida inteira

Edman Izipetto
29/01/08

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Fruta madura

Há tantas estações
Quantas paradas de trem
Apitos de chamar atenção
Sinos de lembrar alguém
Tempo de colheita
Hora de semear rente ao chão
Flores de voar muito além
Polens ao vento de nevar
Dos morros que sobem e descem
Carinhando pedras de espuma sabão
Cores de pendurar por vinténs
Enfeites de realçar de onde vens
Cheiros cheios de temperos
Matizes de liquens
Ar puro de pintar corpos toscos
Carnes de frutas e gostos
A estalar na boca
Do falso azedo de carambolas
Do sabor oriente de cerejas frescas
Eu tinto de degustar
Em cristais decompor teu paladar
Fermento de lembrar
Ardido de cravo a exalar
A canela da tua pele a gotejar
Suores de prazer e dor
Da força de viver ao redor
Do teu lado neste ano de amar
Velas de acender sem apagar
Essência de energia a iluminar
O doce do teu beijo sem amargar

Edman Izipetto
28/01/08

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Calor

O corpo quente sua
Perde a liquidez do mercado futuro
Há sonolência no teclado
Há displicência do volante
Mesmo que a chegada seja distante
Tudo derrete no asfalto
Cozinham as idéias e formulações
Expandem-se mutações
Para driblar a estufa da falta de razão
A geleira de um amor pagão
Vem equilibrar a térmica cultura
De vapores e frescuras
Da pouca roupa de folia
Da muita pompa por mania
Dos sorrisos de hipocrisia
É quente viver em brasa
Assoprando para o lado a fumaça
Da queima do nosso existir

Edman Izipetto, ótimo final de semana para todos, usem protetor polar...
11/01/08

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Besame mucho

E porque não li em Neruda
Imagem que em Pessoa tem
Tirei do fundo da estante
O Bandeira que a todo amor vem
Dei-lhe um banho de Drummond
Olhos de horizonte faz bem
E um toque de Vinícius
Posto que no infinito
Tudo chama a lirismo
Tudo arde a Baudelaire
Com modernidade de Andrade
De Suassuna a irrealidade
Apimentada de Ubaldo
Adocicada de Amado
Com palavras novas de Guimarães...


Edman Izipetto, um pouco de bibliografia não faz mal a ninguém
09/01/08

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Bouquet de mês

Uma rosa
Por você olhar
Alguém de terno
Com um olhar terno
Quem andava a esmo
Duas rosas
Para o olhar duplo
Que dividiu meu copo
Que adoçou minha taça
Até então ilusoriamente amarga
Três rosas
Pelas pedras do caminho
Que aprendi serem todas
Tão preciosas como um vinho
Tão necessárias para meu tino
Quatro rosas
Pelas mãos hábeis e carinhosas
Que não fugiram dos meus dedos
Tão recheados de poesia e vento
Tão calejados de lira e tempo
Cinco rosas
Por aquele primeiro beijo
Tão esfomeado de desejo
Ao mesmo tempo delicado
No mesmo instante erótico
Como chuvas de orvalho benfazejo
Seis rosas
De um mês sem esquecimento
Destes dias todos de aquecimento
Para asas voar sem sofrimento
Para os medos todos
Ver do alto, enxergá-los,
Sorrir, caminhar e entendê-los

Edman Izipetto
07/01/08