quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Névoa

Umidade fina e delicada
Como açucar de confeiteiro
Você não segura nos dedos
Mas ela os envolve e marca;
Como seda tecida em tricô
Ainda é um carinho na pele
Mas deixa hematomas
No conjunto de seus nós;
Torna a miopia democrática
Todos são clarividentes
Apenas vultos são vistos
Tão pertos como sustos;
Todas as mulheres são noivas
Todos os homens pais de santo
Todos os sons longínquos
Todos os gritos surdos;
Toda tecnologia é pouca
Toda correria é louca
Nesta neve barroca;
Nem o fogo arde a contento
É mais aura ao vento
Lamparina estrábica
Lua cheia eclipsada
Relógio estático no tempo
Numa tarde toda de neblina apocalíptica.

Edman
16/09/2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário