terça-feira, 21 de agosto de 2007

Então me trague, sem pressa...



Um berimbau
Para eu pontuar meus passos,
Para eu deliciar meus passos,
Para eu defender meus rastros,
Para eu amaciar meus cascos
Para eu espantar "ozoiados";
Então me trague, sem pressa,
Um cheiro
Da mistura branco-doce do coco
Com o amarelo-real do dendê
E o vermelho-sensual da ardida
Que deixe a boca perdida
Na busca de não sei o quê;
Então me trague, sem pressa...
Colares do Modelo,
Cocares de meter medo,
Correntes de prata,
Figas de lata,
Mandingas e patuás
Com sotaques e saravas;
Então me trague, num sabe,
Um tabuleiro
Que me mostre mais que um coqueiro,
Que me deguste mais que um acarajé,
Que me rode a não mais poder dar fé,
Que me tire o defeito de ser ligeiro
Nas coisas que o tempo deve dar pé;
Então me trague, na rede,
Todo o tom dos Caymmi,
Todo o cacau em leite,
Todos os Orixás,
Que é para eu não ter ciúme,
De toda aquela gente
Que sabe olhar para o mar.
Então, num sabe, me trague...

Edman 21/08/07

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