sábado, 10 de novembro de 2007

Auto-retrato

Ainda vejo o horizonte
Como de cima da mangueira
Que meu quintal de infância detinha
Ainda brinco no front
Com meus bonecos de trincheira
Que existiam na minha retina
Ainda converso comigo
Como se meu melhor amigo
Fossem as dúvidas que meu medo tinha
Ainda acredito em plantar
Colher sementes e espalhar
Nos jardins, nas encostas, nas pessoas
Pois tudo um dia há de brotar
Depois da chuva há de florear
Ainda paro tudo de fazer
Observar as nuvens com saber
Pintar as cores do poente é prazer
Bronzear de lua é viver
Ainda canto velhas canções
Ainda aprendo novas paixões
Ainda rimo paz e ações
Ainda bebo por prazer
A água que minha sede há de ter
Às vezes olho no espelho
E me pergunto: onde errei
Mas a criança que me espia
Que me assiste e vigia
Responde quase que de pronto
“foi onde não tentei”
Ainda acordo de mau humor
Até o primeiro gole de café
Ainda acredito num grande amor
E nisto boto muita fé

10/11/07
Edman

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